É de conhecimento geral que o limite do bitcoin é de 21 milhões. Neste artigo vamos abordar o que pode acontecer depois deste limite ser atingido e porque muitos dizem que o Bitcoin se está tornando no ouro digital.
Sumário de Conteúdos
ToggleO limite do Bitcoin é de 21 milhões
Gravado diretamente no seu código fonte está a indicação concreta de que o Bitcoin deve ter um fornecimento limitado e finito. Esse fornecimento limitado foi definido pelo seu criador anónimo – Satoshi Nakamoto – em 21 milhões de bitcoins.
Ninguém realmente sabe, exceto o seu criador, o porquê do limite do Bitcoin ter sido fixado em 21 milhões. Existem algumas teorias e eventuais explicações espalhadas na internet, mas o que importa esclarecer é que esta oferta finita acrescenta um enorme valor a essa moeda digital. A lei da oferta e procura diz, de um jeito geral, que quanto menor a quantidade de algo, mais valioso ele se torna. E já foram minerados mais de 85% do total de Bitcoin, e isso pode ajudar a entender porquê essa cripto moeda atingiu patamares recorde (passou os 40 mil dólares pela primeira vez) no início de 2021.
No entanto, o montante de Bitcoin disponível em circulação poderá ser ainda mais reduzido, com alguns milhões estarem presumivelmente perdidos. Seja porque os donos perderam as chaves privadas ou porque faleceram, não deixando seus acessos a ninguém, existe alguma quantidade que não está em circulação e não vai ser gasta ou usada, o que reduz a oferta efetiva disponível.
Muitas outras cripto moedas também operam com um limite definido, por exemplo no caso do Litecoin é de 84 milhões, EOS é de 1 bilião, etc. No caso de outras, tal como o também famoso Ethereum não existe, à data de hoje, um limite conhecido.
Comparação com o ouro
O Bitcoin tem vindo a ser, mais e mais, comparado ao ouro. Muitos especialistas falam que bitcoin é uma espécie de ouro virtual. Outros vão mais longe e afirmam que o Bitcoin é já mais valioso do que o próprio ouro.
No final de 2020, a JPMorgan Chase, gigante mundial em serviços financeiros, indicou que o ouro podia sofrer as consequências da preferência contínua dos investidores institucionais. E deram o exemplo de que $7 biliões de dólares tinham sido recentemente ‘desviados’ de fundos ETFs de ouro e canalizados para Bitcoin, isto apenas em apenas 3 meses.
– Ambos têm uma oferta limitada. Como já explicamos, o limite do Bitcoin é de 21 milhões, mas o ouro também tem um limite. Limite esse que é um pouco difícil de quantificar, mas é certamente a quantidade existente no planeta Terra. Alguns especialistas dos EUA indicam que falta cerca de 50 mil toneladas de ouro a minerar.
E também é sabido que o processo de mineração de ouro irá entrar numa fase de declínio nas próximas décadas porque o “ouro fácil” já foi todo retirado e o remanescente encontra-se a distâncias mais profundas, sendo muito mais dispendioso de capturar. O mesmo irá acontecer à “mineração” de Bitcoin, como irá ler no ponto abaixo.
– Ambos são um tipo de investimento especulativo. Associado a ambos está um grande nível de risco, onde o lucro pode estar muito dependente das flutuações do preço no mercado. O Bitcoin, seguramente muito mais volátil, mas o ouro também a ser considerado especulativos pelo que os investidores compram com as esperanças de que o preço irá subir, para assim terem lucro. Corretoras tal como a IQ Option oferecem a possibilidade de negociar tanto ouro como cripto moedas.
O processo de mineração do Bitcoin
Tal como o ouro, o Bitcoin não pode ser simplesmente criado arbitrariamente; requer trabalho e custos para “extrair”. Enquanto que o ouro é extraído da terra física, o Bitcoin deve ser “minerado” através de computadores. Pode pousar suas picaretas e suas pás, para “minerar” a cripto moeda usamos computadores mesmo.
O ato de “minerar” corresponde a uma função essencial no universo do Bitcoin. Se tivesse de resumir isto em apenas uma curta frase, diria que “minerar” é a criação e verificação da legitimidade das transações feitas, através da resolução de puzzle de avançados problemas matemáticos.
Mas na verdade, o trabalho de “minerar” é um trabalho duplo. Primeiro, para criar um novo Bitcoin na rede Bitcoin, os computadores (por norma supercomputadores) competem entre si para resolverem complexas fórmulas matemáticas. Segundo, vão verificar as transações feitas, garantindo que o sistema blockchain se mantem imutável e permanente. Em resumo, são eles que emitem as novas moedas e validam as transações no blockchain.
O blockchain é a pedra basilar do Bitcoin, pois é a tecnologia de uma espécie de base de dados em que guarda informação. As informações são guardadas num livro de registo, tal como um livro de contabilidade. É formada uma extensa corrente, onde o novo bloco vai ser ligado ao bloco anterior, formando uma corrente cronológica, segura e inalterável, que é validada por todos os computadores desta vasta rede.
O ponto-chave do blockchain é que não é controlado por ninguém, seja governo ou empresa, mas sim é criado, gerido e mantido por todos os utilizadores que desse grupo fazem parte.
Compensação da mineração
Tenha em atenção de que a função de “mineração” é muito mais complexa do que descrevi no ponto anterior. Há que investir muito tempo e dinheiro (os supercomputadores chegam a custar vários milhares de dólares, sem falar na fatura mensal da eletricidade), sem ter garantias de que vai mesmo ganhar alguns bitcoins. E essa função é absolutamente essencial para o ecossistema Bitcoin, então qual é o lucro? O principal incentivo de “minerar” Bitcoin é que a pessoa que minera, obtém uma recompensa em Bitcoin.
A recompensa por minerar um novo bloco é chamado de “block reward”. Mas também é possível de ganhar bitcoins por validar transações, executando tarefas matemáticas muito complexas, chamadas de “proof of work”, onde vão encontrar o número hexadecimal chamado de ‘hash’. É por isso que os sistemas de mineração não são os típicos computadores que você tem em casa – embora seja possível minerar com seu computador, apenas não irá ter resultados lucrativos – mas sim supermáquinas que ocupam uma sala inteira e consomem enormíssimas quantidades de energia.
Halving do Bitcoin
A compensa por “minerar” não é sempre igual. Para explicar isso temos de falar de um processo chamado de halving ou halvening, que acaba sendo essencial de perceber pois afeta toda a dinâmica Bitcoin. O halving se refere à redução de 50% na recompensa de Bitcoin que os miners recebem por adicionar uma nova transação à blockchain. A redução é de 50% quer para a recompensa, quer para a própria quantia de Bitcoin que é minerada, ou seja, disponível após a mineração de um bloco. Este evento está, por assim dizer, calendarizado, pois acontece uma vez a cada 210,000 blocos minerados, o que é cerca de 4 anos.
Quantos halving já aconteceram? Quando é o próximo?
O primeiro bloco de Bitcoin foi lançado a 3 de janeiro de 2009. O primeiro evento de halving ocorreu a 28 de novembro de 2012. O segundo ocorreu a 9 de julho de 2016 e o terceiro a 11 de maio de 2020. E tal situação irá continuar a acontecer até que o limite do Bitcoin seja atingido. O próximo está estimado de acontecer em Março de 2024.
O quadro abaixo explica as datas que já decorreram e as datas espectáveis para os próximos eventos. A tabela não indica todas as futuras datas dos halvings que vão existir.
Evento | Data | Número de Bloco | Recompensa (em BTC) |
Lançamento do Bitcoin | 3 Janeiro 2009 | 0 | 50 |
1º Halving | 28 Novembro 2012 | 210,000 | 25 |
2º Halving | 9 Julho 2016 | 420,000 | 12.5 |
3º Halving | 11 Maio 2020 | 630,000 | 6.25 |
4º Halving | Expectável em 2024 | 840,000 | 3.125 |
5º Halving | Expectável em 2028 | 1,050,000 | 1.5625 |
Olhando para o quadro, vamos dar um exemplo concreto. No dia 27 de novembro de 2012, um bloco minerado de Bitcoin rendia como recompensa 50 bitcoins. Mas no dia 29 de novembro de 2012, o primeiro halving já havia acontecido e cada bloco minerado rendia ‘apenas’ 25 bitcoins. Aplicou-se uma redução pela metade, como já foi explicado.
Estes eventos de halving estão gravados no software base da cripto moeda e não podem ser alterados nem cancelados. Também não existe uma explicação oficial porque estes eventos de halving foram criados. O último evento de halving, que indica que o limite do Bitcoin foi atingido, está previsto para acontecer algures em 2140, pelo que ninguém que esteja a ler este artigo irá ter o privilégio de assistir ao vivo ao último bloco de Bitcoin sendo “minerado”.
Mas como entendeu, estes halvings reduzem a velocidade da criação da moeda em 50% e, por consequente, baixa a quantidade da oferta a ser emitida daí em diante. Uma das implicações diretas e muitas vezes visível desse acontecimento é ‘empurrar’ os preços para cima, devido à maior demanda.
Já passamos os 85% da mineração do Bitcoin
Atualmente, já passamos a marca dos 18,5 milhões de Bitcoin minerados. Restam pouco menos de 3 milhões para entrar em circulação, mas ainda faltam mais de 100 anos até o limite do Bitcoin ser atingido. Embora falte mais de uma centena de anos, a pergunta que todos colocam é: e o que acontece depois?
Os miners vão continuar a receber pagamentos por minerar?
No centro da questão, estão todos os que mineram a moeda digital, pois serão eles os mais afetados. Alguns críticos do protocolo Bitcoin reclamam que os atuais “mineiros” vão ser forçados a abandonar o projeto na altura que o limite do bitcoin for alcançado, ou até mesmo antes, por já não ser lucrativo para eles.
A forma em como o protocolo está desenvolvido agora indica que, quando o limite do Bitcoin for atingido, não haverá mais moeda para ser mineradas, logo não há mais pagamentos por isso. Mas não é necessariamente verdade que deixará de ser lucrativo para eles, pelo contrário. O mais certo é que eles vão continuar a receber recompensas na forma de taxas de transação. Toda e qualquer transação de Bitcoin tem de ser adicionada ao blockchain, para ser considerada válida.
Ou seja, toda transação tem – e vai continuar a ter – uma taxa associada. As taxas são variadas e não dependem apenas do montante a ser transferido, mas de vários fatores como das condições da rede, seu congestionamento, do montante, de outras taxas que podem estar associadas às carteiras digitais onde estão os Bitcoin, etc.
Atualmente, as taxas de transação traduzem-se numa pequena parte do lucro total que os “mineiros” recebem, menos de 5%. No entanto, com a adoção mais global desta moeda, muitas mais transações irão existir, ou seja, mais e melhores pagamentos para os “mineiros”.
Este é o cenário mais provável, olhando para o que aconteceu durante 2020. Nesse ano, a média por transação esteve muitas vezes acima dos 5 dólares por operação, num aumento que muitas vezes ultrapassou os 2000%! Isto porque a média por transação tem sido cerca de poucos cêntimos.
Além do pagamento direto, ser um “mineiro” pode fazer com que você tenha o direito de ‘voto’ quando alterações de peso à rede Bitcoin estão a ser discutidas. Ou seja, há um certo nível de peso que os miners podem ter em algumas tomadas de decisão.
A evolução do protocolo Bitcoin no futuro
O protocolo no qual o software do Bitcoin assenta tem pouco mais de 10 anos, mas como qualquer tecnologia, se não for alvo de manutenções e atualizações, pode começar a definhar.
O fato do código base ter aspetos imutáveis não impede que não haja essas tais atualizações, melhorias ou até projetos derivados.
Nestes 10 anos já houve algumas mudanças e melhorias. Um dos casos que se tornou mais conhecido aconteceu em 2017 quando a comunidade praticamente se dividiu em relação à capacidade de cada bloco. O resultado deste ‘conflito’ foi a criação do Bitcoin Cash. Esta criptomoeda é uma separação (hard fork é o nome técnico) do Bitcoin, com propriedades técnicas distintas e um protocolo distinto. Não deve ser confundido com o Bitcoin que temos falado neste artigo.
Mas se em pouco mais de uma década, eventos tão importantes já aconteceram, acredita mesmo que no próximo século, até o limite do Bitcoin ser atingido, a rede irá permanecer igual? Naturalmente que haverá alterações, sejam elas profundas ou meros ajustes.
Uma outra possibilidade está em cima da mesa, e defendida por alguns especialistas da plataforma, é o mecanismo de recompensa ser alterado, ainda antes do limite do Bitcoin ser atingido, criando, por exemplo uma mudança para um mecanismo de “Proof of Stake”, diferente do “Proof of Work” que falei mais acima. Alguns defendem que é mais justa para todos os envolvidos e depende menos dos brutais gastos de eletricidade. A rede blockchain da também famosa cripto moeda Ethereum está em vias de adoção do “Proof of Stake” à data da escrita deste artigo, por isso poderá servir de bússola para mudanças futuras?
E o que acontece ao valor do próprio Bitcoin?
Embora nada seja certo, e não querendo entrar no campo da futurologia, a ideia geralmente aceite defende que o valor do Bitcoin irá aumentar assim que mais transações serão executadas quando todos os 21 milhões estiverem todos em circulação.
Depois, sabendo que não haverá mais moeda para se criar, não se pode saciar a crescente demanda com mais moeda, o valor relativo a cada moeda terá de, forçosamente, aumentar.
Por enquanto o valor tem aumentado, derivado ao maior interesse, não só de pequenos investidores, mas sobretudo do crescente interesse de fundos internacionais e também pela recente adoção desta moeda como forma de pagamento.
Em 2020 o Paypal, a maior empresa de pagamentos online começou a aceitar o Bitcoin.
E você, o que acha que irá acontecer assim que o limite da Bitcoin se aproximar? Deixe um comentário abaixo, e se gostou, partilhe o artigo com seus amigos.